Cap. 16
Inimigos da Cruz


O movimento missionário nativo, a única esperança para essas nações não alcançadas, não existe sem ser desafiada tanto por Satanás quanto pelo mundo. O reavivamento das religiões tradicionais tais como o Islamismo e o Hinduísmo, o crescimento do materialismo secular incluindo o comunismo, e a cultura tradicional e as barreiras nacionalistas estão todos unidos em oposição as atividades missionárias cristãs.
“Fui criado num lar onde adorávamos muitos deuses”, diz Masih, que durante anos procurou a paz espiritual através de auto-disciplina, yoga e meditação como requerida por sua casta. “Eu até mesmo me tornei o sacerdote em nosso povoado, mas não pude achar a paz e a alegria que queria”.
“Um dia eu recebi um folheto evangelístico e li sobre o amor de Jesus Cristo. Eu respondi a oferta do folheto e me inscrevi num curso por correspondência para aprender mais de Jesus Cristo. No dia 1 de Janeiro de 1978 eu dei minha vida para Jesus Cristo. Fui batizado 3 meses depois e recebi o nome cristão ‘Masih’, que significa ‘Cristo’.
Na Ásia, o batismo e a mudança para um nome cristão simboliza uma quebra completa com o passado pagão. Para evitar a censura, que freqüentemente vem com o batismo, alguns esperam anos antes de serem batizados. Mas Masih não esperou.
A reação veio imediatamente. Quando seus pais entenderam que seu filho tinha rejeitado seus deuses, eles começaram uma campanha de perseguição.
Para escapar, Masih foi para Kota no Rajastão para procurar emprego. Por seis meses ele trabalhou numa fábrica e enquanto isso participava num grupo local de crentes. Através do encorajamento deles ele se matriculou num instituo bíblico e começou a aprender as Escrituras.
Durante seus três anos de estudos, ele fez sua primeira viagem para casa. “Meu pai me enviou um telegrama pedindo-me para ir p’rá casa”, Masih relembra. “Ele disse que estava ‘terrivelmente doente’. Quando cheguei, minha família e amigos me pediram para renunciar a Cristo. Quando me neguei a fazê-lo muita perseguição começou, e minha vida estava em perigo. Tive que fugir”.
Voltando para a escola, Masih pensou que Deus o guiaria para ministrar em alguma outra parte da Índia. Ele ficou chocado com a resposta de suas orações.
“Enquanto esperava no Senhor, Ele me dirigiu a voltar e trabalhar entre meu próprio povo”, ele diz. “Ele queria que eu compartilhasse do amor de Deus através de Cristo com eles, como o possesso do espírito imundo que foi liberto em Gadara a quem o Senhor enviou de volta a seu próprio povoado”.
Hoje, Ramkumar Masih – um ex-sacerdote – está envolvido em plantar igrejas na sua cidade natal e povoados ao redor, trabalhando tanto entre hindus como entre muçulmanos num ambiente basicamente hostil.
Apesar de Masih não ter tido que pagar o preço final para ganhar seu povo para Cristo, todos os anos um número de missionários cristãos e crentes comuns são assassinados por causa de sua fé através de toda a Ásia. O total no século passado é estimado em 45 milhões, sem dúvida alguma mais do que o total de assassinados durante os 19 séculos precedentes da história da igreja.
Quais são esses inimigos da cruz que procuram se opor ao avanço do Evangelho nas nações que precisam tanto ouvir de sua esperança e salvação? Eles não são algo novo – apenas planos do inimigo que foram novamente despertados, alguns de seus movimentos finais para manter essas nações escravizadas.

Religiões Tradicionais

Reavivamento das religiões tradicionais estão ocorrendo por toda a Ásia. Apesar de poucos países ter ido na rota do Irã – onde um reavivamento religioso do Islamismo na verdade derrubou o estado – o fanatismo religioso ainda é o maior problema na maioria dos países.
Quando o governo, a mídia e as instituições educacionais são tomados pelos materialistas ateus, a maioria das nações experimentam um grande açoite. Como os líderes religiosos tradicionais estão descobrindo, não é suficiente expulsar as nações as nações do ocidente. Os humanistas seculares estão no controle firme na maioria dos governos da Ásia, e muitos líderes religiosos tradicionais não tem mais o poder que uma vez eles já exercitaram.
No nível mais básico, as religiões mais tradicionais e o nacionalismo freqüentemente são deliberadamente confusas e exploradas pelos líderes políticos para alguma vantagem de curto alcance. Nos vilarejos , as religiões tradicionais ainda tem um controle poderoso nas mentes da maioria das pessoas. Quase todo vilarejo ou comunidades tem um ídolo favorito ou divindade – só no panteão Hindu há 330 milhões de deuses. Além disso, várias seitas animistas, que envolvem a adoração de espíritos poderosos, são largamente praticadas ao lado do Islamismo, Hinduísmo e Budismo.
Em muitas áreas, o templo do vilarejo ainda é o centro da educação informal, do turismo e do orgulho cívico. A religião é um grande negócio, e os templos conseguem uma vasta soma de dinheiro todos os anos.
Milhões de sacerdotes e praticantes amadores das artes de ocultismo também estão proliferando da continuação e expansão das religiões tradicionais. Como os fazedores dos ídolos de prata em Éfeso, eles não estão vendo a expansão do cristianismo suavemente. A religião, o nacionalismo e as vantagens econômicas se misturam como um explosivo volátil que Satanás usa para cegar os olhos de milhões.
Mas Deus está chamando missionários nativos para pregar o Evangelho mesmo assim, e muitos estão levando as Boas Novas para áreas solidamente controladas pelas religiões tradicionais.

O Espírito do Anticristo

Mas os inimigos da cruz incluem mais do que apenas religiosos tradicionais. Uma nova força, até mais poderosa, está agora se espalhando através da Ásia. É o que a Bíblia chama do espírito do anticristo – a nova religião do materialismo secular. Freqüentemente manifestado como uma forma de comunismo, tem tomado controle dos governos em muitos países, incluindo Myanmar, Camboja, China, Laos, Coréia do Norte e Vietnã. Mas até mesmo naquelas nações asiáticas com democracias como a Índia e o Japão, tem ganhado algum controle do estado em várias formas não comunistas.
Os templos dessas novas religiões são reatores atômicos, refinarias de petróleo, hospitais e praças de shopping centers. Os sacerdotes são quase sempre os técnicos, cientistas e generais militares que estão lutando sem paciência alguma para reconstruir as nações da Ásia na imagem do Ocidente industrial. O estratagema do poder político na maioria dos países da Ásia tem ido na direção desses homens e mulheres que prometem saúde, paz e prosperidade sem um deus sobrenatural – pois o homem mesmo é o deus deles.
Num sentido, o humanismo secular e o materialismo corretamente diagnosticam a religião tradicional como uma fonte maior de opressão e pobreza na Ásia. O humanismo é um inimigo natural da religião teística porque é um método mundano e cientifico para resolver os problemas da humanidade sem Deus. Como resultado desse crescimento, o materialismo cientifico, movimentos secularistas forte existem em todas as nações asiáticas. Eles se unem e procuram eliminar as influencias de todas as religiões – incluindo o cristianismo – da sociedade. A Ásia moderna, nas grandes cidades e capitais onde o humanismo secular reina supremo, é controlada por muitos dos mesmos desejos e tendências que tem dominado o Ocidente nos últimos 100 anos.

A Pressão Anti-cristã do Mundo– A Cultura

Se as religiões asiáticas tradicionais representam um ataque do maligno ao cristianismo, então o humanismo secular é um ataque da carne. Isso deixa apenas um inimigo para discutirmos, a pressão anti-cristã do mundo. Essa última barreira a Cristo, e provavelmente ainda mais forte de todas, é a própria cultura.
Quando Mahatma Gandhi retornou a Índia depois de anos morando na Inglaterra e na África do Sul, ele rapidamente compreendeu que o movimento “Índia Livre” estava fracassando porque sua liderança nacional não tinha vontade de desistir do modo de vida europeu. Assim, mesmo que ele era Indiano, ele teve que renunciar suas roupas ocidentais e costumes ou ele não seria capaz de liderar seu povo para fora do jugo britânico. Ele gastou o resto de sua vida reaprendendo como se tornar um indiano novamente – na vestimenta, comida, cultura e estilo de vida. Eventualmente ele ganhou aceitação do povo comum da Índia. O resto é história. Ele se tornou o pai da minha nação, o George Washington da Índia moderna.
O mesmo princípio é verdadeiro nos esforços evangelísticos e de plantar igrejas em toda a Ásia. Devemos aprender a adaptar à cultura. Eis o porque o evangelista nativo, que vem do solo nativo, é tão eficaz. Quando os americanos aqui nos Estados Unidos são abordados pelos adoradores Krishna, vestidos de amarelo com suas cabeças raspadas e seus rosários – eles rejeitam o Hinduísmo imediatamente. Da mesma forma os Hindus rejeitam o cristianismo quando ele aparece na forma ocidental.
Os asiáticos tem rejeitado Cristo? Não necessariamente. Na maioria dos casos eles tem rejeitado apenas as vestes da cultura ocidental que tem sido imposto a eles em nome do Evangelho. Isso é o que o apóstolo Paulo estava se referindo quando disse que tinha vontade de se “tornar tudo a todos os homens” a fim que pudesse ganhar alguns.
Quando os asiáticos compartilham Cristo com outros asiáticos em uma maneira aceitável culturalmente, os resultados são brilhantes. Um missionário nativo que sustentamos no norte da Índia, Jager, agora tem evangelizado 60 vilarejos e estabelecido 30 igrejas numa área difícil do Punjab. Ele tem conduzido centenas à Cristo. Em uma viagem à Índia, eu saí um pouco da minha rota para visitar Jager e sua esposa. Tinha que ver por mim mesmo que tipo de programa ele estava usando.
Imagine a minha surpresa quando descobri que Jager não estava usando qualquer tecnologia especial de forma alguma – a menos que você queira chamar uma lambreta e folhetos que o enviamos de “tecnologia”. Ele estava vivendo exatamente como o povo. Ele só tinha uma casa de um cômodo feito de pau à pique. A cozinha era do lado de fora, também feita de barro – do mesmo material com que tudo o mais é construído naquela região. Para cozinhar a comida, sua esposa se agacha em frente a um fogo aberto exatamente como as mulheres vizinhas. O que era tão marcante a respeito desse irmão era que tudo a respeito dele e de sua esposa era tão verdadeiramente indiano. Não havia nada absolutamente estrangeiro.
Eu perguntei a Jager o que o mantinha no meio de tal incrível desafio e sofrimento. Ele disse: “esperando no Senhor, meu irmão”. Descobri que ele gastava duas ou três horas diariamente em oração, leitura e meditação na Bíblia. Isso é o que leva a ganhar a Asia para Cristo. Esse é o tipo de missionário pelo que nossas nações estão clamando.
Jager foi ganho para Cristo por outro evangelista nativo, que explicou a respeito do Deus vivo para Jager enquanto ele ainda era um Hindu devoto. Ele contou de um Deus que odeia o pecado e que se tornou homem para morrer pelos pecadores e levá-los a liberdade. Essa foi a primeira vez que o Evangelho foi pregado no seu vilarejo, e Jager seguiu o homem por diversos dias.
Finalmente, ele recebeu Jesus como seu Senhor e foi repudiado por sua família. Cheio de satisfação e surpreso por sua vida nova recém descoberta ele foi distribuindo folhetos de vila em vila, falando sobre Jesus. No fim, ele vendeu suas duas lojas. Com o dinheiro que ele ganhou, ele realizou cultos evangelísticos nas vilas locais.
Esse é um homem da cultura, trazendo Cristo para seu próprio povo de maneira cultural aceitável. O sustento que nós asiáticos precisamos do ocidente, se quisermos completar a obra que Cristo nos deixou, deve ser para recrutar, equipar e enviar um exercito de evangelistas missionários nativos.
Os evangelistas nativos estão preparados para enfrentar os três grandes desafios que estamos enfrentando agora no oriente.
Um, geralmente eles entendem a cultura, costumes e estilo de vida tanto quanto a língua. Eles não tem que gastar um tempo precioso numa preparação muito longa.
Dois, a comunicação mais eficaz ocorre entre iguais. Apesar de que ainda possa haver barreiras sociais a serem vencidas, elas são muito menores e mais facilmente identificadas.
Três, é um investimento sábio dos nossos recursos porque o missionário nativo pode trabalhar mais economicamente do que os estrangeiros.
Uma das leis mais básicas da criação é que todo ser vivo reproduz segundo a sua própria espécie. Esse fato se aplica ao evangelismo e discipulado, tal como se aplica em outras áreas. Se vamos ver um movimento de multidão de pessoas para Cristo, isso será feito somente através de enchendo os campos com muito mais milhares de missionários nativos.
Quantos são necessários? Na Índia somente nós ainda temos 500.000 vilarejos para serem alcançados. Olhando para outras nações, compreendemos que muitos milhares ainda permanecem sem uma testemunha. Se tivermos que alcançar todas as outras aldeias abertas para nós nesse momento, a missão Gospel for Asia precisará de missionários evangelistas nativos adicionais em dezenas de milhares. O preço para sustentar esse exército será de milhões anualmente. Mas isso é apenas uma fração dos $ 94 bilhões que a Igreja norte-americana esbanjou ou desperdiçou em outras necessidades e desejos no ano de 2000. E o resultado será uma revolução de amor que trará milhões de asiáticos à Cristo.
Então, os missionários nativos estão mesmos preparados para levar o evangelismo trans-cultural? A resposta é sim, e com uma grande eficácia! A maioria dos missionários nativos que sustentamos, de fato, estão envolvidos em alguma forma de evangelismo trans-cultural. Geralmente os evangelistas da GFA descobrem que devem aprender uma nova língua, adotar um vestuário diferente e uma dieta diferente. Contudo, porque as culturas são freqüentemente vizinhas ou compartilham uma herança similar, a transição é muito mais fácil do que seria para alguém vindo do ocidente.
Mesmo que minha terra natal tem 18 línguas principais e 1.650 dialetos – cada uma representando uma cultura diferente – ainda é relativamente fácil para um indiano fazer uma transição de uma cultura para a outra. De fato, quase qualquer um no Paquistão, Índia, Bangladesh, Myanmar, Nepal, Butão, Tailândia e Sri Lanka pode relativamente rápido ministrar trans-culturalmente numa cultura vizinha.
Obreiros nativos que procuram aprender novas línguas e plantar igrejas em outras culturas encaram desafios especiais. Nessa tentativa particular, a missão Gospel for Asia procura trabalhar com agências que tem a mesma idéia que podem ajudar os obreiros nativos a vencerem esses desafios.
O desafio da Ásia clama alto a nós. Os inimigos da cruz abundam, mas nenhum deles pode permanecer contra nós enquanto nos movemos na autoridade e no poder do Senhor Jesus. Os problemas que encaramos são profundamente grandes, mas eles podem ser vencidos através das dezenas de milhares de missionários evangelistas nativos.

Fonte: "Revolution in World Missions"
Autor: Dr. K.P. Yohannan
Tradução: Hermann & JeffQuevedo

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