Cap. 14
A Necessidade de Uma Revolução


Se pudéssemos passar apenas um minuto nas chamas e tormentos do inferno, nós veríamos como sem amor é o tão chamado evangelho que prevalece em muitas das missões hoje em dia.
A Teologia, que é só uma palavra fantasia do que acreditamos, faz toda a diferença no campo missionário. Quando vamos para o livro de Atos, descobrimos os discípulos totalmente convencidos a respeito da perdição do homem sem Cristo. Nem mesmo a perseguição poderia parar eles de chamar as pessoas em todo o lugar para arrependerem-se e irem a Cristo.
Paulo brada em Romanos 10:9-15 pela urgência de pregar a Cristo. Nos seus dias, os problemas sociais e econômicos nas cidades como Corinto e Éfeso e outros lugares eram os mesmos ou piores do que aqueles que encaramos hoje. Mesmo assim os apóstolos não procuraram estabelecer centros de ajuda social, hospitais ou instituições educacionais. Paulo declarou em I Coríntios 2:1-2, “Eu, irmãos, quando fui ter convosco ...nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado”.
Paulo reconhecia que Jesus Cristo era a resposta final para todos os problemas do homem. Embora ele estivesse preocupado com os santos pobres, você não pode perder a ênfase primária da sua vida e mensagem.
Eu tenho falado em igrejas que tinham milhões de dólares investidos em construções – igrejas com pastores conhecidos como excelentes professores de Bíblia com um coração de amor para as pessoas. Mesmo assim tenho descoberto que muitos deles não tem absolutamente nenhum programa missionário de nenhum tipo.
Pregando num dessas igrejas, eu fiz a seguinte afirmação: “Enquanto vocês clamam ser evangélicos e que aproveitam o tempo e a vida para aprender mais e mais das verdades bíblicas, com toda a honestidade, eu não acho que vocês crêem na Bíblia”.
Meus ouvintes levaram um choque. Mas eu continuei.
“Se vocês acreditassem na Bíblia que vocês dizem que acreditam, o grande conhecimento de que existe um lugar real chamado inferno – onde milhões irão e passarão a eternidade se morrerem sem Cristo – faria de vocês as pessoas mais desesperadas no mundo que desistiriam de tudo para manter missões e alcançar os perdidos como sua prioridade número um.
O problema com essa congregação, como muitas hoje, é que eles realmente não criam no inferno.
C.S. Lewis, aquele grande britânico defensor da fé, escreveu: “Não há doutrina que eu teria a maior vontade de remover do cristianismo do que essa [inferno]. Eu pagaria qualquer preço para ser capaz de dizer verdadeiramente, ‘todos serão salvos’. “
Mas Lewis, como nós, entendemos que não é verdadeiro e nem estava no seu poder para mudar isso.
Jesus mesmo falou freqüentemente do inferno e do julgamento porvir. A Bíblia chama o inferno de um lugar onde o fogo não se apaga, onde os vermes que comem a carne não morrem – um lugar de densas trevas onde há um choro eterno e ranger de dentes. Esses e centenas de outros versículos contam a respeito de um lugar real onde os homens perdidos passarão a eternidade se eles morrerem sem Jesus Cristo.
Somente bem poucos crentes parecem ter integrado a realidade do inferno a seus estilos de vida. De fato, é difícil sentir que nossos amigos que ainda não conhecem Jesus realmente estão destinados ao inferno eterno.
Como eu já declarei no capítulo 12, muitos crentes mantém em seus corações a idéia que, de alguma forma ou outra, várias maneiras de redenção estão disponíveis àqueles que nunca ouviram. A Bíblia não nos dá a mínima esperança para tal crença. É dito claramente que: “aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo depois disso o juízo” (Hebreus 9:27). Não há outro caminho para fora da morte, inferno, pecado e da sepultura exceto Jesus Cristo. Ele disse: “Eu sou o caminho, a verdade, e a vida: ninguém vem ao Pai, senão por mim” (João 14:6).
Quão diferente nossas igrejas seriam se começássemos a viver pela verdadeira revelação da Palavra de Deus a respeito do inferno. Ao contrário, as igrejas locais e missões, tanto no ocidente quanto no oriente, tem sido contaminados com a morte e continuam a passá-la para milhões de almas perdidas que vivem ao nosso redor.
A igreja que Jesus chamou desse mundo para ser separada para Si tem, em grande parte, se esquecido da razão de existir. Sua perda de equilíbrio é vista na ausência corrente de santidade, realidade espiritual e preocupação pelos perdidos. Substitutos para a vida que ela uma vez conheceu estão ensinando e ministrando para prosperidade, prazer, política e envolvimento social.
“O Cristianismo Evangélico”, comentou Tozer profeticamente antes de sua morte, “tragicamente está agora abaixo do padrão do Novo Testamento. O mundanismo é um fato aceitável do nosso modo de viver. Nossa disposição religiosa é social ao invés de espiritual”.
Quanto mais nossos líderes desejam estar afastados de Deus, mais eles se voltam para os caminhos do mundo. Uma igreja em Dallas gastou diversos milhões de dólares para construir um ginásio “para manter nossos jovens interessados na igreja”. Muitas igrejas tem se tornado como clubes seculares com times de softbol, lições de golfe, escolas e aulas de aeróbica para manter as pessoas vindo aos seus prédios e dando seus dízimos a eles. Algumas igrejas tem ido tão longe de Deus que eles oferecem cursos de yoga e de meditação – adaptações do ocidente dos exercícios religiosos Hindu”.
Se isso é o que é considerado alcance missionário em casa, será que as mesmas igrejas não estariam caindo presas da filosofia sedutiva dos humanistas cristãos quando planejam a obra missionária no estrangeiro?
As missões realmente cristãs sempre estão cientes que há um inferno eterno para evitar e um céu para ganhar. Precisamos restaurar a visão equilibrada que o General William Booth tinha quando começou o Exército da Salvação. Ele tinha uma compaixão fora do comum para ganhar as almas perdidas para Cristo. Suas próprias palavras contam a história da sua visão para o movimento: “Vá para as almas e vá para as piores”.
O que Jesus faria se Ele andasse em nossas igrejas hoje?
Tenho medo que Ele não seria capaz de nos dizer: “Você tem mantido a fé, tem corrido a corrida sem virar para a direita ou esquerda, e você tem obedecido meu mandamento de alcançar o mundo”. Creio que ele iria pegar um chicote, porque temos feito da casa de Seu Pai um covil de ladrões. Se assim for, então devemos reconhecer que a hora é de desespero para continuarmos nos enganando a nós mesmos. Já temos passado da hora de reavivamento ou reforma. Se este Evangelho é para ser pregado a todo o mundo em nossa geração, devemos ter uma revolução ‘enviada do céu’.
Mas antes que a revolução possa vir, devemos reconhecer a necessidade dela. Somos como um homem perdido olhando para um mapa rodoviário. Antes de podermos escolher a estrada certa que nos leva a nosso destino, devemos determinar onde temos errado no caminho, voltarmos até aquele ponto para então começar de novo. Então meu apelo ao Corpo de Cristo é simples: Volte a estrada do verdadeiro Evangelho. Precisamos pregar novamente todo o conselho de Deus. Nossa prioridade deve ser novamente colocada em chamar homens ao arrependimento e arrebatá-los do fogo do inferno.
O tempo é curto. Se não desejarmos lutar em oração por uma revolução em missões – e deixá-la começar em nossas próprias vidas pessoais, em nossos lares e igrejas – vamos perder essa geração para Satanás.
Podemos ir atrás das almas por nós mesmos, ou podemos fazer diferença sustentando no estrangeiro missionários nativos, que sejam verdadeiros crentes bíblicos.
Diversos anos atrás, 40 povoados indianos, que uma vez já foram considerados cristãos, voltaram novamente ao Hinduismo. Será que todos aqueles povoados que tinham experimentado o Evangelho libertador de Jesus Cristo poderiam ter voltado novamente a escravidão de Satanás?
Não. Aqueles povoados foram chamados “cristãos” apenas porque tinham sido “convertidos” por missionários que usaram os hospitais, bens materiais e outros incentivos para atraí-los para o cristianismo. Mas quando as recompensas materiais foram reduzidas – ou quando outros movimentos competidores ofereceram benefícios similares – esses convertidos reverteram para seus antigos hábitos culturais. Nos termos missionários, eles eram “cristãos de arroz”.
Quando o “arroz” foi oferecido, eles mudaram seus nomes e suas religiões, respondendo ao “arroz”. Mas eles nunca entenderam o verdadeiro Evangelho da Bíblia. Depois de todo o esforço, essas pessoas estavam tão perdidas quanto antes. Mas agora elas estavam num estado ainda pior – foi apresentado a elas um quadro completamente errado do que significa e do que implica seguir a Cristo.
Seria isso o que tememos na América do Norte: sem ginásio – sem time de softball – sem convertidos?
A lição do campo missionário é que ir de encontro as necessidades físicas somente não leva as pessoas a seguirem o Senhor. Sejam famintos ou barrigas cheias, ricos ou pobres, os seres humanos permanecem em rebelião contra Deus sem o poder do Evangelho.
Ao menos que nos voltemos par o equilíbrio bíblico – para o Evangelho de Jesus tal como ele o proclamou – nunca seremos capazes de colocar a ênfase, onde ela pertence de direito, na missão que a igreja tem de alcançar o mundo.
Jesus tinha uma grande compaixão pelos seres humanos como pessoas completas. Ele fez tudo o que podia para ajudá-las, mas Ele nunca esqueceu o propósito principal da Sua missão nesta terra: reconciliar os homens com Deus, morrer pelos pecadores e redimir a alma deles do inferno. Jesus cuidou primeiro do lado espiritual do homem, depois cuidou do corpo.
Isso é ilustrado claramente em Mateus 9:2-7 quando Ele primeiro perdoou os pecados do paralítico, então curou seu corpo.
Em João 6:1-13, Jesus miraculosamente alimentou 5.000 homens com fome, mais as mulheres e crianças. Ele os alimentou depois de ter pregado, não antes para atrair a atenção deles.
Mais tarde, no versículo 26, encontramos essas pessoas seguindo a Jesus não por causa do Seu ensino ou por quem Ele era, mas por causa que Ele os alimentou. Eles até mesmo tentaram fazê-lo rei pelas razões erradas. Vendo o perigo da falta de entendimento espiritual daquelas pessoas Jesus se apartou delas. Ele não queria fãs, mas discípulos.
Os apóstolos não temeram dizer ao mendigo que “... não tenho prata nem ouro; mas o que tenho te dou ... (Atos 3:6). Então eles pregaram o Evangelho.
Eu tenho tido experiências similares através de toda a Índia. Tenho ainda que me encontrar com uma pessoa que não estava disposta a ouvir as maravilhas do Evangelho de Jesus por causa da sua condição física.
Como cristãos, devemos seguir o exemplo de Jesus. Eu realmente creio que devemos fazer tudo que podemos para aliviar a dor e o sofrimento ao nosso redor. Devemos amar nossos vizinhos como a nós mesmos em todas as áreas da vida. Mas devemos manter a suprema prioridade de compartilhar a mensagem da salvação com eles – e nunca devemos ministrar as necessidades físicas às expensas de pregar Cristo. Este é o equilíbrio bíblico, o verdadeiro Evangelho de Jesus.

Fonte: "Revolution in World Missions"
Autor: Dr. K.P. Yohannan
Tradução: Hermann & JeffQuevedo

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