Cap. 12
As Boas Obras e o Evangelho

Para manter as missões cristãs desequilibradas, Satanás tem entrelaçado uma rede dominadora de enganos e mentiras. Ele tem inventado um sistema inteiro de apelos de meias verdades para confundir a Igreja e assegurar que milhões irão para o inferno sem jamais receber o Evangelho. Eis algumas das suas invenções mais comuns:
Um, Como podemos pregar o Evangelho para um homem com um vazio no estômago? O estômago de um homem não tem nada a ver com a condição de seu coração de ser um rebelde contra o Deus santo. Um americano rico na Quinta Avenida na cidade de Nova York ou um pobre mendigo nas ruas de Bombai são ambos rebelde contra o Deus Todo-Poderoso, de acordo com a Bíblia. O resultado dessa mentira está no fato que, durante os 100 anos passados, a maioria do dinheiro missionário tem sido investido na obra social. Não estou dizendo que não deveríamos cuidar dos pobres e dos necessitados. A questão que quero chamar a atenção é perder nosso foco primário da pregação do Evangelho.
Dois, Serviço social – indo de encontro apenas as necessidades físicas do homem – é uma obra missionária; de fato, é igual a pregação. Lucas 16:19-25 nos conta a história digna de pena do homem rico e Lázaro. Qual foi o benefício das possessões do homem rico? Ele não pôde pagar para sair do inferno. Suas riquezas não puderam confortá-lo. O rico perdeu tudo o que tinha, inclusive sua alma. E sobre Lázaro? Ele não teve qualquer possessão para perder, mas ele fez preparação para sua alma. O que foi mais importante durante o tempo deles na terra? Será que foi cuidar do “templo do corpo” ou da alma imortal? “Que aproveita ao homem ganhar o mundo todo, perdendo-se ou prejudicando-se a si mesmo?”.
É um crime contra a humanidade ir no nome de cristo e de missões apenas para fazer serviço social ainda negligenciando chamar os homens ao arrependimento – para desistirem de seus ídolos e rebelião - e seguir a Cristo com todo o seu coração.
Três, Eles não ouvirão ao Evangelho a menos que ofereçamos a eles alguma coisa primeiro. Tenho sentado nas ruas de Bombai com os mendigos – pobres homens que logo morreriam. Ao compartilhar o Evangelho com muitos deles, eu dizia que não tinha nenhum bem material para lhes dar, mas eu lhes oferecia a vida eterna. Eu começava a compartilhar o amor de Jesus que morreu pela alma deles, sobre as muitas mansões na casa de meu pai (João 14:2) e o fato que eles podem ir lá para nunca mais passar fome nem sede. O Senhor Jesus irá secar toda a lágrima de seus olhos, eu disse. Eles nunca mais estarão em qualquer dívida. Não haverá mais morte, choro ou dor (Apocalipse 7:16, 21:4).
Que alegria foi ver alguns deles abrindo seus corações depois de ouvirem sobre o perdão de pecados que eles podem achar em Cristo! Isto é exatamente o que a Bíblia ensina em Romanos 10:17, “De sorte que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus”.
Substituir uma panela de arroz no lugar do Espirito Santo e da Palavra de Deus nunca salvará uma alma e raramente mudará a atitude do coração do homem. Nós nem mesmo começaremos a fazer um entalhe no reino das trevas até que levantemos Cristo com toda a autoridade, poder e revelação que nos é dada na Bíblia.
Em poucos países o fracasso do humanismo cristão é tão aparente do que na Tailândia. Lá, depois de 150 anos em que os missionários tem mostrado compaixão social maravilhosa, os cristãos ainda são apenas dois por cento da população inteira.
Os missionários se auto-sacrificando têm provavelmente feito mais para modernizar o país do que qualquer outra força singular. A Tailândia deve aos missionários seu alto nível de alfabetização, sua primeira editora, a primeira universidade, o primeiro hospital, o primeiro médico e quase todos os outros benefícios da educação e da ciência. Em todas as áreas, incluindo comércio e a diplomacia, os missionários cristãos colocaram as necessidades da nação anfitriã primeiro e a ajudaram introduzi-la no século 20. Enquanto isso, milhões tem passado para a eternidade sem o Senhor. Eles morreram com mais estudos, com um governo melhor e com mais saúde – mas eles morreram sem cristo e condenados ao inferno.
O que deu errado? Será que esses missionários não estavam totalmente dedicados? Será que a doutrina deles não eram bíblicas? Talvez eles não cressem no inferno eterno ou no céu eterno. Será que lhes faltou treinamento bíblico, ou será que eles simplesmente não saíram para pregar aos perdidos? Será que eles mudaram a sua prioridade de estar interessado em salvar almas para aliviar o sofrimento humano? Eu entendo agora que, provavelmente, é um pouco de todas essas coisas.
Enquanto estava procurando respostas a estas questões, eu encontrei uns irmãos nativos, pobres, freqüentemente maus instruídos, envolvidos na obra evangelística em áreas pioneiras. Eles não tinham nada material para oferecer às pessoas a quem eles pregavam – nenhum treinamento em agricultura e nenhum alivio médico ou programa de escola. Mas centenas de almas foram salvas, e em poucos anos, um número de igrejas foram estabelecidas. O que esses irmãos estavam fazendo certo para conseguir tais resultados, enquanto outros com muito mais vantagens tinham falhado?
A resposta está em nosso entendimento básico do que realmente é a obra missionária. Não há nada errado com os atos de caridade – mas eles não devem ser confundidos com a pregação do Evangelho. Programas de alimentação pode salvar um homem de morrer de fome. O cuidado médico pode prolongar uma vida e lutar contra as doenças. Projetos de construção de casas pode fazer essa vida temporária um pouco mais agradável – mas somente o Evangelho de Jesus Cristo pode salvar uma alma de uma vida de pecado e de uma eternidade no inferno!
Olhar nos olhos tristes de uma criança faminta ou ver uma vida perdida de um viciado em drogas é apenas ver a evidência do domínio de Satanás nesse mundo. Ele é o principal inimigo da humanidade e ele fará tudo dentro de seu poder considerável para matar e destruir as pessoas. Mas tentar lutar contra esse terrível inimigo com armas físicas é como lutar contra tanques de guerra com armas de ossos.
Quando o comércio foi estabelecido com habitantes das ilhas Fiji, um mercador que era um ateu e cético aportou na ilha para fazer negócio. Ele estava falando para o chefe Fiji e notou uma Bíblia e algumas parafernálias religiosas ao lado da casa.
“Que vergonha”, ele disse, “que vocês tem ouvido a essas bobagens sem sentido dos missionários”.
O chefe respondeu, “Você está vendo aquela pedra branca grande lá em cima? Aquela é uma pedra onde poucos anos atrás nós usávamos para despedaçar as cabeças de nossas vítimas para pegar seus cérebros. Está vendo aquele forno ali? Aquele é o forno onde apenas a alguns anos atrás usávamos para assar os corpos de nossas vítimas antes de nos banquetearmos com eles. Se não tivéssemos ouvido o que você chama de coisas sem sentido dos missionários, eu asseguro a você que sua cabeça já estaria estraçalhada sobre aquela pedra e seu corpo estaria sendo assado naquele forno”.
Não existe nenhum registro da resposta do mercador para aquela explicação da importância do Evangelho de Cristo.
Quando Deus muda o coração e o espirito, o físico também muda. Se você quer ir de encontro as necessidades dos pobres neste mundo, não há lugar melhor para começar do que através de pregar o Evangelho. Isso tem feito mais para erguer os oprimidos, os famintos e os necessitados do que todos os programas já imaginados pelos humanistas seculares.
Essas palavras terríveis de Jesus deveriam assombrar nossas almas: “...Percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito, e depois de o terdes feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós” (Mateus 23:15). A.W. Tozer disse isso bem no seu livro De Deus e dos Homens: “espalhar um tipo degenerado e estéril de cristianismo às terras pagãs não é realizar a grande comissão de Cristo nem cumprir nossa obrigação aos pagãos”.
Um pouco antes da China ser tomada pelos comunistas , um oficial comunista fez uma declaração reveladora para um missionário, John Meadows: “Seus missionários tem estado na china por mais de cem anos, mas vocês não tem ganhado a China para sua causa. Vocês lamentam o fato que há incontáveis milhões que nunca ouviram o nome de seu Deus. Eles também não sabem nada do seu cristianismo. Mas nós comunistas temos estado na China menos do que dez anos, e não há um chinês que não saiba ... que não tenha ouvido o nome de Stalin... ou algo do comunismo ... Nós temos enchido a China da nossa doutrina.
“Agora deixe-me dizer a você porque vocês tem fracassado e nós temos sido bem-sucedidos”, o oficial continuou. “Vocês têm tentado ganhar a atenção das massas através de construir igrejas, missões, hospitais missionários, escolas e o que mais ... Mas nós comunistas temos impresso nossa mensagem e espalhado nossa literatura por toda a China. Algum dia vamos expulsar todos os missionários de nosso país, e vamos fazer isso pelos meios da página impressa.”
Hoje, é claro, John Meadows está fora da China. Os comunistas foram verdadeiros com as suas palavras. Eles ganharam a China e expulsaram os missionários. De fato, o que os missionários fracassaram em fazer em 100 anos, os comunistas fizeram em 10 anos. Um líder cristão disse que se a igreja tivesse gasto tanto tempo em pregar o Evangelho como gastou em hospitais, orfanatos, escolas e em asilos – por mais que isso fosse útil – a Cortina de Bambu não existiria hoje.
A tragédia da China está sendo repetida hoje em outros países. Quando permitimos uma atividade missionária focar nas necessidades físicas do homem sem o equilíbrio espiritual correto, estamos participando num programa que no final fracassará.
Contudo, isso não significa que não devemos nos envolver nos ministérios de compaixão que vai de encontro às pessoas pobres, necessitadas e machucadas ao nosso redor. No próximo capítulo eu explicarei isso um pouco mais – nossa responsabilidade aos pobres e necessitados que sofrem em nossa geração.

Fonte: "Revolution in World Missions"
Autor: Dr. K.P. Yohannan
Tradução: Hermann & JeffQuevedo

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